27 de mai. de 2007

Por Yara Guasque

A criação atual em arte e tecnologia e a formação de um público específico no Brasil nos faz focar o paralelismo existente entre as bases de produção material ¾ que fazem emergir a situação econômica-social e o histórico da industrialização do país ¾ e as resoluções estéticas ditadas pela necessidade de se voltar às massas excluídas da cidadania, que adquiriram recentemente o estatuto de consumidores em potencial e que passam a induzir a criação de novos formatos artísticos.

Frente à nossa dificuldade de país periférico de acesso a bens culturais, junto aos limitados recursos e as precárias condições de experimentação, as estratégias adotadas da cultura digital refletem mais o marketing das corporações do que uma real modificação das estruturas de acesso.

Com a globalização o processo de terceirização que acabou por incluir a Zona Franca de Manaus como parte da produção das câmeras videográficas, por exemplo, não representa positivamente a pretensa transferência tecnológica (GUASQUE ARAUJO, GUADAGNINI, FACHINELLO). Como nos colocam LUGO; SAMPSON e LOSSADA (2006), o modelo aplicado com a privatização da indústria de telecomunicações na América Latina trouxe uma entrada significativa de capital para os setores de mídia, telecomunicações e computação e propiciou um rápido crescimento, embora não tenha beneficiado a inovação da produção tecnológica local. Mesmo as novíssimas indústrias de games, que atuam nos países em desenvolvimento, pouco refletem as raízes da cultura local por estarem atreladas à uma produção voltada a atender o perfil cultural do consumidor norte-americano.

Então como falar em diversidade?

A questão colocada é se as massas excluídas da cidadania, que adquiriram recentemente o estatuto de consumidores em potencial, ditarão ou assimilarão os novos formatos e se ainda é pertinente a diferenciação entre alta e baixa cultura.

GUASQUE ARAUJO, Yara R.; GUADAGNINI, Silvia; FACHINELLO, Sandra Reis. "Parâmetros para o entendimento das mídias emergentes e a formação de um público especializado no Brasil". Texto ainda não publicado.
LUGO, Jairo; SAMPSON, Tony; LOSSADA, Merlyn. "Novas indústrias culturais da América Latina ainda jogam velhos jogos Da República de Bananas a Donkey Kong". In: BARRETO, Ricardo; PERISSINOTO, Paula. (Orgs). FILE: festival Internacional de Linguagem Eletrônica. São Paulo: FILE, 2006, p. 164- 179.

Nenhum comentário: