26 de mai. de 2007

Cultura de massa e cultura de rede

Por Daniela Silva

Nossos rostos não aparecem nas capas de revista. Não nos reconhecemos no sotaque dos locutores de rádio, nem na lourice meiga dos atores de tevê. A música que consumimos pouco tem a ver com aquela que fazemos. Nunca fomos parecidos com as ilustrações das cartilhas da escola. Nossa língua não freqüenta os livros, os palcos, os plenários. Somos constantemente treinados a acreditar que o conhecimento efetivo é aquele que se distancia da sabedoria popular.

Isso porque é difícil combinar diversidade com cultura de massa. Para priorizar a opinião - e o lucro - de poucos, é preciso estabelecer com os outros muitos um status de dominação. A cultura, quando distribuída em ritmo industrial, vira uma versão empobrecida da realidade, dissemina estereótipos e carrega as relações sociais de estagnação e desigualdade.

Mas se a cultura de massa é aquela que tem pouco ou nada a ver conosco, a cultura da rede somos nós. A rede nos oferece um potencial inédito de propagar pensamento livre e criatividade. A comunicação passa a se dar de maneira essencialmente horizontal e o conhecimento se constrói colaborativamente. A diversidade cultural deixa de ser uma entidade exterior às pessoas e se torna, finalmente, um produto da expressão coletiva.

Para que esse potencial se concretize, é preciso transformar a rede em um espaço de todos. Para que a rede reflita a diversidade, é preciso promover o acesso, a liberdade, o respeito às diferenças. E resgatar a idéia de que as pessoas, todas elas, têm o que dizer.

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