11 de mai. de 2007

Questão social e política

Por Marcos Dantas

Não sei se existe propriamente uma "cultura digital". Existem cultura e culturas com base em unidades culturais mínimas que, através dos significantes e significados linguísticos, organizam a relação entre grupos e comunidades consigo mesmas e com os ambientes sócio-naturais à volta.
O "digital" é, também, antes de mais nada, uma linguagem (binária), mas é uma linguagem meramente instrumental para viabilizar a construção e utilização de ferramentas tecnológicas que facilitam e potencializam a capacidade humana de processar e comunicar informação e conhecimento. Se a diversidade cultural é constitutivamente humana, a linguagem digital e suas tecnologias de suporte podem, na verdade, contribuir mais para uniformizar e padronizar as muitas formas de expressão cultural do que favorecer à diversidade.Isto não é necessariamente ruim, nem necessariamente bom. A diversidade cultural, por um lado, enriquece a humanidade, é patrimônio da humanidade. Por outro lado, não raro, contribui para fundar divisões e conflitos altamente destrutivos, sobretudo quando de natureza étnico-racial ou religiosa. A uniformização digital, assim, pode até favorecer a uma certa redução das taxas de conflitos, mas pode também contribuir para o empobrecimento cultural geral. Em suma, não penso que a questão esteja no "digital", mas sim no social e no político, ou nas culturas sócio-políticas de grupos, comunidades, classes sociais e povos nacionais.

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